Daisaku Ikeda

Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI),
nasceu em 2 de janeiro de 1928, em Tóquio. Filho de colhedores
de algas marinhas, desde a infância sofreu devido a sua saúde
 debilitada e as dificuldades da época. Tão doente ele era que
os médicos não acreditavam que viveria até os trinta anos.
As experiências vividas nesse período e a incerteza com
relação ao futuro aguçaram-lhe ainda mais a sensibilidade
 e sua índole humanitária e incutiram-lhe uma forte
consciência dos desafios que o ser humano enfrenta na vida.
Leitor apaixonado, começou desde cedo a compor poesias
 para expressar seus anseios e sentimentos.

Daisaku tinha 17 anos em 1945, quando a Guerra do Pacífico chegou ao fim. Quatro de seus irmãos haviam sido recrutados, sendo que o mais velho foi morto em combate. O extremo sofrimento causado à sua família e ao povo japonês intensificou ainda mais seu repúdio à guerra.



Em 14 de agosto de 1947, aos 19 anos, Daisaku conheceu Jossei Toda, o homem que se tornaria seu mentor e influenciaria de forma decisiva o curso de sua vida.


Na época, Toda, um brilhante educador e praticante do Budismo de Nitiren Daishonin, empenhava-se em reconstruir a Soka Gakkai. Posteriormente, Toda se tornaria o segundo presidente da organização, sucedendo ao seu mestre, Tsunessaburo Makiguti.


Daisaku fora convidado por um amigo para participar em uma das reuniões que Toda promovia para ensinar sobre o budismo.


Sua avidez pelo aprendizado e a promessa feita ao amigo fizeram Daisaku desafiar seu estado febril e comparecer à essa reunião.


As explicações lúcidas e diretas de Toda sobre diversas questões impressionaram o jovem.


Dez dias depois, em 24 de agosto de 1947, Daisaku converteu-se ao Budismo de Nitiren Daishonin. A filosofia budista proporcionou-lhe as respostas para as perguntas sobre a natureza da vida e da morte que há muito procurava. E foi Jossei Toda quem lhe ensinou e forjou seu espírito como discípulo e sucessor.


Foram apenas pouco mais de dez anos de convivência, mas que valeram por uma rica e frutífera existência. As realizações de ambos tornaram-se marcos para a organização. Dentre elas, estão o lançamento do Seikyo Shimbum (jornal da Soka Gakkai) em 1951; a conversão de 750 mil famílias ao Budismo de Nitiren Daishonin, a chamada “Campanha de Fevereiro”, em 1952; a “Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, feita por Toda em 1957, por ocasião do “Festival da Juventude”; e o encontro do dia 16 de março de 1958, conhecido como a “Cerimônia do Kossen-rufu”, em que o presidente Toda delegou aos jovens a missão de realizar a paz mundial. Duas semanas depois dessa cerimônia, em 2 de abril, Toda faleceria.


Sob a orientação de Toda, Daisaku aprendeu não somente o espírito de um verdadeiro líder, como também foi instruído em filosofia, literatura, conomia, política e em diversas outras áreas.


Devido à sincera prática da fé e aos incessantes incentivos de seu mestre, Daisaku ultrapassou a idade de trinta anos, contrariando as expectativas médicas. Um mês antes de completar trinta anos, ele escreveu em seu diário: “Não há uma outra vida para mim a não ser trabalhar, avançar e lutar com todas as minhas forças ao lado do presidente Toda. Estou ciente de que sou o que sou devido ao meu mestre.” 1 Daisaku registrou ainda em seu diário como havia passado cada década de sua existência até aquele momento, bem como suas metas para o futuro:


“Até os dez anos: Uma infância como filho de um humilde colhedor de algas.


“Até os vinte anos: Meu despertar e minha luta contra a doença.


“Até os trinta anos: Estudo e prática do budismo, e esforços intensos para derrotar a maldade da doença.


“Até os quarenta anos: Aprimoramento no estudo e na prática do Budismo de Nitiren Daishonin.


“Até os cinqüenta anos: Mostrar uma clara comprovação na sociedade.


“Até os sessenta anos: Conclusão da base do movimento pelo Kossen-rufu no Japão.” 2


Mas, em seu diário nada constava sobre o que iria ocorrer após os sessenta anos, pois ele jamais imaginaria viver além dessa idade.


Após o falecimento de Toda, Daisaku, com apenas 32 anos, assumiu a terceira presidência da Soka Gakkai, em 3 de maio de 1960.


Em seu discurso de posse ele jurou, fitando a foto de Jossei Toda e com os olhos marejados de lágrimas: “Sensei, sucedendo ao senhor, estou neste momento iniciando uma grande luta pela Lei dedicando toda a minha existência. Superando a vida e a morte, empreenderei viagens pelo Kossen-rufu mundial até a longínqua Índia. Por favor, observe-me.” 3 Essa promesssa foi uma resposta ao desejo de Toda que certa ocasião lhe havia confidenciado: “Daisaku, como eu quero viajar para o mundo, para a jornada do Kossen-rufu... O mundo é seu desafio, seu verdadeiro palco. Você precisa viver! Viva o máximo que puder e percorra o mundo!” O primeiro passo pela jornada do Kossen-rufu mundial foi dado em 2 de outubro de 1960, ocasião em que Daisaku Ikeda empreendeu uma viagem para os Estados Unidos, Canadá e Brasil, estabelecendo as bases da organização fora do Japão.


No prefácio do romance de sua autoria, Revolução Humana, ele deixou registrado palavras que se tornaram célebres: “A grandiosa revolução humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade.”


De fato, Daisaku Ikeda é um exemplo disso. Sua revolução humana influiu decisivamente na vida de milhões de pessoas que hoje integram a Soka Gakkai Internacional (SGI) pois, ao vencer suas circunstâncias pessoais ele propagou de forma extraordinária o Budismo de Nitiren Daishonin para o mundo todo, difundindo esperança e coragem.


Na década de 1960, ele foi alvo da ira de pessoas que o acusaram de traidor por ter a coragem de apresentar uma proposta na 11ª Convenção da Divisão dos Estudantes clamando pela normalização das relações diplomáticas entre o Japão e a China. Isso foi durante a Guerra Fria, quando os governos do Japão e dos Estados Unidos viam a China como uma nação inimiga. Porém, seus esforços pela concretização da paz surtiram resultados com o passar dos anos. Em 1972, as duas nações emitiram um comunicado restabelecendo as relações diplomáticas e, em 1978, assinaram um tratado de paz e amizade.


Na década de 1970, Ikeda enfrentou uma de suas mais difíceis batalhas. Ele relembra esse período em suas Reflexões sobre a Nova Revolução Humana: “Vinte e quatro de abril de mil novecentos e setenta e nove. Esse foi o dia em que deixei a terceira presidência da Soka Gakkai — uma função que havia desempenhado por dezenove anos — e em que me tornei presidente honorário. Ao saberem da notícia, membros de todas as partes do Japão — e até mesmo do mundo — ficaram surpresos e mudos.


“Por trás de minha súbita renúncia estava a insidiosa tirania da Nitiren Shoshu e uma enxurrada de ataques contra a Gakkai perpetradas por traidores que se afastaram da fé e uniram forças com clérigos ardilosos do Templo Principal. Em particular, eles tramaram planos e perseguições para minha destruição, algo que foge à descrição em palavras.” 4


Daisaku Ikeda, no entanto, nunca retrocedeu na decisão de avançar no caminho de sua missão. Suas ações em prol do estabelecimento de uma sociedade global pacífica têm sido cada vez mais reconhecidas por diversos países por meio da concessão de várias homenagens.


Com as bases da organização firmemente solidificadas, e tendo cumprido tanto suas metas como as de seu mestre, Daisaku Ikeda tem se dedicado ainda mais para forjar nos jovens, que representam o futuro da organização, o mesmo espírito e missão, a fim de assegurar que o movimento pelo Kossen-rufu jamais seja interrompido.

Fonte:
Terceira Civilização, edição nº 408, agosto de 2.002, pág. 2.

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