Feira Estudantil 2011

                                                                     Elaborado por  Diogo Cesar

Acredite! Tudo depende de você

É fato! Praticar a filosofia do Budismo Nitiren transforma, revitaliza e harmoniza a vida. E é exatamente essa experiência que Célia Pereira de Araújo, responsável pela DF do
Distrito Junqueira, RM São Roque, CMSP, compartilha alegremente.
  
Família Monarca: Delmiro e Célia com os filhos Everton,
Maria Vanessa e, sentadas, Joyce Marina e Geisa Cristina
Conheci o Budismo Nitiren seis anos após ter me casado. Minha irmã Celina foi convidada por uma amiga a participar de uma reunião da BSGI. Só de ver a empolgação dela contando que o “negócio” era bom fui tirar a prova.
Como morava perto de uma sede regional, guardei bem os dias das reuniões, e fui com minhas filhas Geisa Cristina, com 6 anos, e Joyce Marina, 3 anos na época. Fui muito bem recebida por quem nunca tinha me visto. Logo que começaram a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e depois a leitura da liturgia, achei bem estranho e, ao mesmo tempo, prazeroso.
Eu enfrentava todos os dramas: desarmonia familiar por causa do meu marido que bebia; doença com a Geisa que tinha nascido com um problema renal, tinha constantes febre alta, convulsões e vivia internada; problema financeiro e...tantos outros. Tudo isso foi me entristecendo, a sensação era que todo o sofrimento do mundo era meu. Porém, agora, estava rodeada de ótimos companheiros da prática da fé e veteranos. Era sempre incentivada a recitar muito Daimoku e participar das atividades.

Delmiro e Célia: vitória da
 harmonia familiar

Recebi o Gohonzon. Por muitas vezes, eu me arrastava até o oratório para recitar Daimoku. Meu corpo não queria, contudo algo dentro de mim dizia: “Célia, você precisa orar, ler as orientações do Mestre”. Mesmo trabalhando, com filha doente, discussões com marido, conseguia recitar de 1h30, 2 horas de Daimoku e às vezes até mais diariamente. Agarrei esse ensino com unhas e dentes. Comecei a sentir mais coragem,             eu era uma mulher medrosa e chorona.
Algumas noites, passava em claro com a Geisa ardendo em febre, enquanto Delmiro, meu marido, dormia bêbado. Comecei a alimentar ódio em meu coração, às vezes, era acometida por desânimo e tristeza, e na ânsia de conseguir a vitória, criava mais causas negativas, orando para que tudo de mal acontecesse com ele. Eu não conseguia entender como uma moça de boa família que teve um único namorado pudesse entrar numa enrascada dessa. Namoramos por um ano e oito meses e, só depois, com oito dias de casada, percebi que ele bebia além da conta. No começo, tentei esconder ao máximo da minha família e sentia-me envergonhada com os comentários da vizinhança.

Uma oração resoluta garante a vitória

Eu trabalhava como costureira em uma empresa e, enquanto costurava, planejava minha vida só com as filhas. Até que um dia, depois de uma briga, procurei uma advogada e uma semana depois estávamos separados judicialmente.
Sentia-me muito mal, dores no corpo, no peito, resolvi ir ao médico e quando entrei no consultório só respondi o boa tarde, debrucei na mesa dele e chorei tudo o que tinha de chorar. Eu estava com início de depressão. O médico prescreveu todos os medicamentos e marcou uma nova consulta. Intensifiquei ainda mais a recitação de Daimoku.
Lembrava sempre das palavras de um veterano de que se a situação me incomodava era eu quem deveria mudar. Eu orava para conseguir entender, achava isso um absurdo. Também não compreendia porque meu marido e eu não conseguíamos ficar longe um do outro.
Um dia, sentindo uma forte angústia, peguei um Brasil Seikyo, onde li “A estratégia do Sutra de Lótus”.
O presidente Ikeda afirma que quando uma pessoa se devota ao Gohonzon, consegue observar sua própria vida, como se estivesse diante do espelho. E enxerga o que precisa melhorar, manifestando sabedoria e coragem. Foi assim que percebi muitos pontos negativos em mim e muitos pontos positivos em meu marido. Decidi colocar em prática o que tinha lido. Mesmo separados, voltamos a morar juntos.
No começo foi muito difícil. Comecei a me treinar. Recitava Daimoku, exercitava a paciência, lia as orientações do Mestre e tinha sempre em mente a seguinte frase do Buda Nitiren Daishonin: “Não obstante, mesmo que alguém errasse ao apontar para o chão, mesmo que alguém unisse os céus, que o fluxo e o refluxo da maré cessassem e que o sol nascesse no oeste, jamais aconteceria de as orações do devoto do Sutra de Lótus não serem respondidas”. (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 5, pág. 138.)
Ao ler esta frase, pensava: “Nitiren quer dizer que mesmo o mundo estando de cabeça para baixo, se eu perseverar, vou ultrapassar todos os obstáculos”. Como discípula do presidente Ikeda, não podia fazer a minha família sofrer sentindo pena de mim.
Tudo dependia de mim e eu decidi não lamentar mais. Estava em minhas mãos a minha felicidade. Aos poucos meu marido foi deixando a bebida de lado.
O Mestre também diz que uma oração resoluta é a chave da vitória. Assim como os campos se enchem de flores na primavera, todos os nossos esforços também, quando chegar a época, certamente florescerão.
Entendi tudo: quanto mais rápido fosse a minha transformação interior, mais rápido também surgiriam os benefícios. Valeu a pena todo o esforço que fiz de orar, ler o Brasil Seikyo mesmo sem vontade e de, muitas vezes, dizer: “Hoje vou participar desta atividade pela felicidade do meu marido”.
Isso resultou numa mudança fantástica, em que passamos a desfrutar de uma condição de vida muito agradável em todos os sentidos.


O triunfo da revolução humana

Meu sonho era pagar as contas em dia. Embora Delmiro trabalhasse muito, metade do seu salário ficava no bar. Decidi parar de trabalhar para participar mais nas atividades e tratar melhor a minha família, deixando a casa arrumadinha, roupa limpa e comida bem feita, já que as meninas cresceram e estavam trabalhando e estudando. Logo depois, meu marido se aposentou e investiu parte do dinheiro em nossa casa, que ainda estava sem acabamento.
Que maravilhoso! Quando realizamos uma prática sincera e com o desejo de que tudo é pelo Kossen-rufu, os benefícios surgem.
Dedicando-me pela felicidade de outras pessoas, fui vencendo em tudo que almejava. Fomos ultrapassando cada obstáculo com base na recitação do Gongyo e Daimoku. Nunca mais passei vergonha de ter a conta de água, luz ou telefone cortados por falta de pagamentos.
Delmiro tornou-se um companheiro na luta pelo Kossen-rufu e é líder de bloco. Olhando para trás, desfruto de uma condição de vida que não imaginava. Triunfei sobre aqueles problemas: Geisa tem uma ótima saúde, somos uma família harmoniosa, venci a mim mesma e à depressão. Trabalho meio período como babá e, com as tardes livres, participo do mamorukai (grupo de manutenção) na nossa sede, faço visitas às DFs e capricho nos meus artesanatos que amo. Felizes, Delmiro e eu celebramos 25 anos de casados.
Fiz parte da primeira turma do Zenshin e aprendi muito. Atuo como responsável do Zenshin na minha subcoordenadoria. Sempre digo às pessoas que sofrem: “Seja qual for o motivo, acredite! Toda mudança só depende de você. Recite Daimoku sem se preocupar com o que aconteça; não lamente, assim experimentará a infinita alegria da Lei.”
Sinto gratidão pelo presidente Ikeda ter trazido o Budismo ao Brasil, pelos veteranos que cuidaram de mim desde o início da prática. Minha decisão é fortalecer ainda mais minha fé por meio da leitura do Gosho na íntegra e atuar na campanha “Cada Família Faz Um”.

O Sábio é imperturbável

“OS OITO VENTOS”

“Um homem verdadeiramente sábio não será arrebatado por nenhum dos oitos ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Ele não se inflama com a prosperidade nem se desespera com o declínio. Os deuses celestes (1) seguramente protegerão aqueles que não se curvam diante dos oitos ventos. Porém, se alimentar um ressentimento infundado com relação ao seu lorde, eles não o protegerão, a despeito de todas as orações.”


EXPLANAÇÃO

Não caia na armadilha dos “oito ventos”


Shijo Kingo, discípulo fervoroso do Buda Nitiren Daishonin, passava por um momento complicado. Além disso, tinha um temperamento tempestivo e poderia colocar tudo a perder caso se descontrolasse e não percebesse a natureza essencial da sua situação. O Buda, então, escreveu a ele esta carta para ensinar ao discípulo a postura correta diante das “ventanias” da vida.
O Buda explica que ser sábio (viver plenamente e feliz) é não se iludir nem se precipitar quando soprarem os ventos positivos (prosperidade, honra, elogio e prazer) e também não se descontrolar, ficar irritado ou violento ante os ventos negativos (declínio, desgraça, censura ou sofrimento). Viva tendo o Nam-myoho-rengue-kyo como ponto central e nenhuma situação, seja positiva ou negativa, terá poder de abalar sua felicidade.


Ser inabalável é viver livre e sabiamente

O presidente Ikeda explica que “hoje em dia, essa atitude é como a de um bom pai dizendo ao filho para que viva sabiamente. Para nós, que abraçamos a Lei Mística, o verdadeiro sábio é aquele que mantém a fé inabalável em seu próprio potencial para o estado de Buda. [...] Independentemente de sermos ou não elogiados ou censurados, podemos usar tudo como uma oportunidade para obter mais êxitos. Por outro lado, se somos dominados pela ignorância, então tudo isso se torna motivo para cairmos nos maus caminhos. O coração é o mais importante”. (Terceira Civilização, edição no 436, dezembro de 2004, pág. 18).
Nitiren Daishonin fala de ventos porque no Japão as quatro estações são bem demarcadas e as mudanças climáticas abruptas são corriqueiras. A aparente calmaria de um vento fresco num dia de calor pode ser acompanhada de ventos gelados e devastadores. A jornada da vida pode ser comparada a essa caminhada em que as condições favoráveis ou desfavoráveis se manifestam constantemente como “ventos”. O Buda ensina que devemos elevar nossa condição de vida de forma que os “oito ventos”, que são condições externas, não influenciem nossa fé. Daishonin nos ensina a sermos imperturbáveis diante das oscilações do cotidiano.


CONTEXTO DO ESCRITO “OS OITO VENTOS”


O Buda Nitiren Daishonin escreveu “Os Oitos Ventos” no monte Minobu em 1277, aos 56 anos de idade, e endereçou-a a Shijo Kingo, um samurai e médico, que era seu seguidor em Kamakura. Em 1276, o lorde Ema reduziu o salário de Shijo Kingo e ameaçou privá-lo de seu feudo e transferi-lo para a remota província de Etigo se ele não desistisse de sua fé no Budismo. Embora afirmasse sua lealdade inabalável ao seu lorde em todos os assuntos seculares, com relação à fé, Kingo não concordou e recusou-se a deixar Kamakura. Com isso, a tensão aumentava. Nessa conjuntura, Nitiren Daishonin escreveu “Os Oito Ventos” para incentivá-lo.
O Buda enviou a Kingo diversas cartas, incentivando-o e orientando-o minuciosamente quanto ao seu comportamento. Por um lado, Shijo Kingo aparentava basear toda a sua conduta de vida tendo a prática da fé como prioridade. Porém, ao mesmo tempo, possuía temperamento forte e facilmente influenciável pelo sentimentalismo. Entretanto, sua reação emotiva perante às críticas e difamações de seus colegas samurais era consequência de um sentimento dominado por certos valores da sociedade e não com base na verdadeira Lei.


Tópicos adicionais

Exemplo dos Oito Ventos



1 — PROSPERIDADE

Abrange todas as formas de lucros e ganhos. Essa condição age fazendo com que a pessoa busque somente seu progresso material, profissional ou financeiro, afastando-se da prática da fé. Exemplos: “Voltarei a participar das atividades mais assiduamente depois de alcançar a vitória profissional” ou “Minha vida está indo de vento em popa. Não preciso me esforçar tanto na prática”.

2 — DECLÍNIO

Significa enfraquecimento e perda. Desmotivadas pelas condições de vida desfavoráveis, as pessoas tendem a perder a energia e a coragem, desviando-se da prática correta. Exemplos: “Puxa, tenho praticado tanto e nossa condição nunca melhora!” ou “Quando tiver melhores condições financeiras participarei mais ativamente das atividades...”

3 — HONRA

Essa condição ocorre quando as pessoas atingem a fama ou distinção social, fazendo-a tornar-se arrogante e autossuficiente. Exemplos: “Dediquei-me a vida inteira para chegar onde estou. As pessoas têm de me respeitar.” “Sou veterano na prática da fé. Ele está só começando e não entende nada.”



4 — DESGRAÇA

Essa condição ocorre quando a pessoa é marginalizada por outras. E também quando sofre intrigas e difamações. Exemplos: “Não vou àquela reunião porque eles só sabem falar mal dos outros.” “Não sou uma pessoa querida nesta organização. Por isso, quero transferência.”

5 — ELOGIO

Indica o louvor de forma manifesta, ou seja, quando somos diretamente elogiados por outros. Há pessoas que só se esforçam para receber elogios. Quando não são reconhecidas pelos seus esforços, desanimam na prática da fé e nas atividades. Exemplos: “Quero participar das atividades somente nesta organização, pois nela as pessoas reconhecem meus esforços”, ou “Não vou mais me dedicar, pois as pessoas não reconhecem meu empenho”.

6 — CENSURA

Repreendido ou insultado. Há pessoas que, ao serem repreendidas ou orientadas com rigorosidade, acabam desanimando ou se irritando com as outras, afastando-se delas e até da prática da fé. Exemplos: “Não gostei de ser repreendido. Não vou mais apoiar esta atividade”, ou “Meus familiares que não praticam me criticam por participar das atividades. Não sei o que faço”.

7 — PRAZER

Indica os prazeres do corpo e da mente. Refere-se a qualquer tipo de atividade prazerosa que desvie a pessoa da prática correta. Exemplos: “Agora vai passar aquele programa que eu gosto na televisão. Depois eu faço o Gongyo”, ou “Hoje tem atividade, mas o pessoal me convidou para jogar bola. Será que vou?”

8 — SOFRIMENTO

Refere-se ao sofrimento físico e espiritual. Ocorre quando somos submetidos à tensão física ou mental, desanimando-nos a perseverar na prática da fé. Exemplos: “Devido a um grave problema de doença em minha família no momento, não tenho condições de praticar”, ou “Meus sofrimentos são tão grandes que a prática da fé não irá solucioná-los.”
 
Publicado em: Brasil Seikyo - Ed.2053 - Caderno de Estudo - Pg.B1 - 25/09/2010

Nitiren, O Homem e o Buda

A religião sempre teve um papel fundamental para o homem. De acordo com o sociólogo Bryan Wilson, “o sentimento religioso, e certamente da forma encontrada entre pessoas relativamente simples, parece ter origem numa grande variedade de emoções fundamentais que são experimentadas quando o homem confronta a incerteza, o desconhecido, ou o desafortunado. Os sentimentos que esses fenômenos engendram estimulam estados de respeito, medo, reverência, e o desejo de aplacar forças supostamente poderosas.”1
Assim, é comum líderes religiosos despertarem sentimentos ambíguos como temor e reverência, que acabam influenciando o destino das pessoas e da humanidade.
Muitas religiões surgiram e caíram no esquecimento após o falecimento de seu líder e somente algumas poucas conseguiram manter vivo seus ensinos mesmo tendo se passado vários séculos.
A imagem da maioria desses líderes, normalmente construída por seus discípulos, é cercada de subjetividade já que a falta de documentos históricos torna muito difícil desvendar a figura religiosa, causando assim, muitas controvérsias.
Mas, no caso do Budismo de Nitiren, surgido há 750 anos, existem registros que possibilitam conhecer de maneira clara o homem que difundiu uma nova e ampla visão do ser humano em relação à vida.
Por sua postura contestadora, Nitiren Daishonin é, muitas vezes, retratado como um reacionário e nacionalista. Ele é ainda descrito como um “profeta budista militante que contribuiu significativamente para a adaptação do budismo à mentalidade japonesa e que continua sendo uma das mais controversas e influentes figuras da história do budismo no Japão.”2
Porém, as inúmeras cartas e teses deixadas por ele, escritas de próprio punho, revelam uma personalidade pacífica, tolerante e extremamente humana.
Daishonin promovia debates e diálogos, sempre fundamentando seus argumentos. Apesar de sofrer inúmeras perseguições no decorrer de sua vida, jamais recorreu à violência, vencendo seus adversários com a força de suas palavras. Ele também conquistou discípulos de todas as classes sociais que o ajudaram nos momentos mais críticos.
Sua intenção não era fundar uma nova religião nem ser alguém especial. Ele almejava tornar-se o homem mais sábio do Japão para ajudar o povo a superar seus infortúnios e demonstrar com a sua vida que não há diferença entre um buda e um mortal comum.
Além disso, ao comprovar a veracidade de seu ensino em vida, Daishonin foi vitorioso como homem e como Buda, deixando um legado espiritual que sobrevive até os dias atuais.
Assim, para entender os motivos que o levaram a ter uma postura tão rígida com relação aos governantes e líderes religiosos, é preciso entender o momento histórico pelo qual passava o Japão e o mundo no século XIII.

Fonte:TERCEIRA CIVILIZAÇÃO, EDIÇÃO Nº 416, PÁG. 3, ABRIL DE 2003.

Deus e Buda

As religiões do mundo variam de acordo com as diferenças entre as nações e as culturas. No entanto, a origem da religião pode ser encontrada em sentimentos compartilhados por todas as pessoas. A mais primitiva forma de religião era a adoração de um deus ou deuses que representavam as forças da natureza. Enquanto a natureza passava por uma mudança “normal” e previsível, os seres humanos podiam desfrutar sua força criativa e benefícios. Porém, quando o ritmo da natureza tornou-se imprevisível, as pessoas não tinham mais lugar para aonde ir. Os povos antigos acreditavam que as calamidades naturais eram uma expressão da ira dos deuses ou obra de um deus diabólico e destrutivo que se opunha ao seu deus benevolente. Graças a uma contínua especulação, alguns postularam um deus principal que reinava sobre todos os outros e controlava todos os vários fenômenos naturais. Em muitos casos, o deus principal originariamente governava um fenômeno específico. Por exemplo, nas mitologias grega e nórdica, o deus principal era originariamente o deus do trovão.

Diz-se o mesmo a respeito de Javé ou Jeová. Javé era originariamente o deus do trovão e tornou-se posteriormente o deus principal dos ancestrais dos hebreus. Conseqüentemente, ele foi considerado um deus absoluto e transcendental pelos judeus e por fim o único deus, e seus seguidores passaram a negar a existência de qualquer outro deus. Foi isso o que levou à crença de que a vontade e as palavras de Deus criaram o Universo e todos os seres que nele vivem. Seja um único deus apenas ou muitos, acreditava-se que a divindade, ou as divindades, tinham poder de controle sobre a natureza e a humanidade. Com o estabelecimento de comunidades, alguns deuses tornaram-se símbolos do poder ou da supremacia de grupos específicos, sendo usados para fortalecer a autoridade do grupo.


Em contraste, um Buda é um ser humano, uma pessoa que desenvolveu uma sabedoria introspectiva nas profundezas de sua vida e descobriu nela a verdade eterna. Ao passo que no cristianismo um ser humano nunca pode tornar-se completamente Deus, no budismo o ser humano pode tornar-se um Buda. O estado de Buda é um ideal, mas um ideal que os seres humanos podem atingir. O budismo é um conjunto de ensinos que o Buda expôs a fim de capacitar todas as pessoas a também se tornarem budas. Ensina que o estado de Buda é o objetivo máximo para todos os seres humanos; no entanto, não nega nem exclui o conceito de um deus por si. O que caracteriza o Buda é a sabedoria que permeia a verdade máxima da vida e do Universo. O budismo descreve os deuses como forças benéficas inatas no meio social e natural e que atuam protegendo os seres humanos, especialmente aqueles que praticam o budismo corretamente. As forças inerentes ao meio ambiente são chamadas “boa sorte”, as ações dos deuses budistas que as pessoas ativam para extraírem sua própria sabedoria do Buda.


Texto extraído do livro "Fundamentos do Budismo", Editora Brasil Seikyo, © 2004. Direitos reservados. É proibida a reprodução de texto e imagens contidos nesta publicação

O significado de Nam myoho rengue kyo

NAM
Nam, contração de Namu, que deriva do sânscrito NAMAS, significa "devotar" ou a relação perfeita da vida da pessoa com a verdade eterna. Ou seja, dedicar a própria vida ou relacionar-se com a verdade eterna da vida. Também significa acumular infinita energia através desta fonte e tomar atitudes positivas aliviando o sofrimento dos outros.

MYOHO
Myoho literalmente significa Lei Mística.
Myo significa "místico", mas elimina qualquer sombra de milagre. É assim chamado porque o mistério da vida é de inimaginável profundidade por tanto está além da compreensão do homem.
Ho significa "lei". A intrínseca natureza da vida é tão mística e profunda, que transcende o âmbito de conhecimento humano. Por exemplo: o ser humano nasce como um bebê, cresce e torna-se um jovem, depois um idoso e por fim morre. Isso é obviamente, uma inquebrável lei regulando cada espécie de vida. Ninguém jamais pode nascer adulto ou escapar desse ciclo, por mais que deseje.

RENGUE
Rengue é a lei de causa e efeito. O budismo esclarece essa lei em todos os fenômenos do universo, e é simbolizada pela Flor de Lótus (Ren, flôr e Gue lótus, em japonês), pois produz a semente (Causa) e a flor (Efeito) simultaneamente. Uma quantidade enorme de todas as causas passadas formam o efeito da condição presente. Ao mesmo tempo, o momento presente é a causa do futuro. Assim, a vida é a continuação dos momentos combinados pela corrente de causa e efeito.
KYO
Finalmente kyo significa a função e influência da vida, como também a transformação do destino, simbolizando a continuidade da vida através do passado presente e futuro. É o ensinamento do Buda, que é eterno

Myoho-rengue-kyo é o título do Sutra de Lótus, como foi traduzido para o chinês, que Nitiren Daishonin nos aponta como o Sutra que contém o caminho para a iluminação. Colocando Nam antes do título do Sutra de Lótus ele cunhou o mantra que recitamos diariamente, o Nam-Myoho-Rengue-Kyo, que numa tradução livre seria o algo como: Devotar-se ao Sutra de Lótus, ou Devotar-se à Lei Mística da Causa e Efeito exposta pelo Buda no Sutra de Lótus.

Claro que isso é apenas uma tradução extremamente simplista dos caracteres que compõe o Nam-Myoho-Rengue-Kyo, e não expõe toda a profundidade da Lei Mística, que é a expressão da verdade última da vida.

O Nam-Myoho-Rengue-Kyo cobre todas as leis, toda a matéria e todas as formas de vida existentes no Universo. em outras palavras, é a vida do Buda que alcançou a suprema Iluminação. Se expandirmos ao espaço ilimitado, é idêntica à vida do Universo, e se condensarmos ao espaço limitado, é igual a vida individual dos seres humanos.

A natureza de Buda está exatamente dentro de cada um de nós. É o Nam-Myoho-Rengue-Kyo. Quando entoamos o Daimoku a natureza de Buda dormente dentro das nossas vidas é convocada. Invocado deste modo, o que desperta é o Buda. Quando um pássaro numa gaiola canta, os pássaros voando no céu vêm para baixo. Quando os outros pássaros se reúnem ao redor, o pássaro engaiolado tentará escapar. Do mesmo modo se recitarmos a Lei Mística, o Nam-Myoho-Rengue-Kyo em voz alta, a natureza de Buda se revela e se alegra e nos acompanha. Se praticarmos corretamente, não haverá beco sem saída na vida. Uma vez que nos baseamos na Lei Mística, podemos definitivamente transformar as nossas vidas para o melhor e ultrapassaremos qualquer impasse. Em qualquer situação, seguir essa lei absoluta com fé absoluta é, na verdade a base da nossa prática.
Nam-Myoho-Rengue-Kyo!

                                Texto Cesinha Chaves, compilado de matérias de estudo do Bloco Mandala, Barra, RJ